Sobre aceitar o nosso corpo



Esta semana, um dos assuntos mais comentados em toda a web foi o estado de saúde delicado de Andressa Urach. A ex-miss bumbum brasileira foi vítima de uma infecção na coxa esquerda, causada pela aplicação de hidrogel, um composto químico (98% de água e 2% de poliamida) utilizado em procedimentos estéticos com a finalidade de aumentar o volume de algumas regiões do corpo.

Andressa, que permanece na UTI, foi internada no último sábado, chegou a fazer uso de aparelhos e, agora, apesar de estável, inspira cuidados. De acordo com os médicos, deve permanecer internada por mais alguns dias, até que esteja em plenas condições de deixar o hospital e voltar para casa.

Infelizmente, o caso de Andressa com o hidrogel não é nenhuma novidade: em outubro desse ano, Maria José Brandão veio a óbito após realizar a aplicação do produto. Vítima de uma embolia pulmonar (bloqueio de uma ou mais artérias), Maria entrou para o ranking das vítimas fatais dos procedimentos estéticos. Pesquisas apontam: pelo menos uma pessoa morre todo mês na mesa de cirurgia. As lipoaspirações lideram o jogo: na média, oito pessoas morrem por ano durante o procedimento.

Pode até parecer pouco, considerando que o Brasil é o segundo país que mais realiza plásticas no mundo. Ainda sim, se pararmos para pensar um segundo, a realidade é realmente assustadora. Cá entre nós, atualmente, estamos tão escravas dessa ditadura que topamos praticamente tudo em troca de um bumbum bonito, seios fartos, lábios carnudos e uma cintura modelada, desde submeter o nosso organismo a dietas malucas, à testar as invenções mais improváveis. Uma, duas, três cirurgias plásticas por ano... não importa. Fazemos de tudo para permanecermos jovens e lindas, ainda que tenhamos que pagar um preço alto por isso.

Não me entendam mal: não sou contra a beleza. Como toda mocinha vaidosa, adoro batons desde os três anos, tenho a prateleira do banheiro lotada de cremes e gasto dinheiro para manter os meus fios ruivos. Mas não apoio, e não consigo compreender a loucura, o exagero, as excentricidades em nome da beleza. E realmente repudio qualquer ato exacerbado que possa comprometer a saúde.

Falando desse jeito, pode até parecer que sou super bem resolvida com o meu corpo, mas acredite, estou longe de ser. Tenho minhas neuras, como toda mulher, e já passei por algumas crises. Talvez, a única coisa que me diferencia da Andressa e da Maria, é que passei a pegar leve comigo mesma de uns tempos pra cá e aceitei a realidade.

Não se trata de receita milagrosa nem fórmula mágica. Tudo o que eu não gosto em mim, continua aqui, firme e forte, como relatei neste post. Apenas deixei de olhar para o que me incomodava e passei a valorizar o que era bonito. Com isso, descobri uma série de coisas: que tenho covinhas nas costas, saboneteiras bonitas e olhos puxadinhos que compensam qualquer outro defeitinho de fabricação.

Eu não nasci perfeita. E, com a maturidade, descobri que nem quero ser. Não estou nenhum pouco disposta a injetar composições químicas no meu corpo, me submeter a sucções de gordura - nem que seja por apenas uma hora - mudar o meu rosto ou utilizar aparelhos estranhos para ficar com os lábios carnudos - acredite, isso existe! Continuarei sem o bumbum dos sonhos, com algumas gordurinhas na cintura, o rosto de menina e boca finíssima - igual à do meu pai. Sem drama, sem choro.

Por isso, faço um apelo a você que me lê: ame e aceite seu corpo, como eu fiz. Jamais comprometa a sua saúde em troca de um par de coxas grossas, silicone, ou qualquer outra coisa que seja. Respeite a si mesma e entenda: você é linda, absolutamente linda, do jeitinho que veio ao mundo.

8 comentários:

  1. Nossa Mari, não poderia concordar mais com você! Conheço várias pessoas que adorariam fazer cirurgias estéticas se tivessem oportunidade e sempre achei um total equívoco. Pra mim, a beleza da vida está em outras coisas e não num corpo perfeito, num rosto eternamente jovem... Adorei o post!

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  2. Acho que esse é o ponto, se amar como é. Independente do que for, se amar por ser linda como é, por ser uma pessoa de boas atitudes e de bom caráter. Mas estamos tão rodeados por esses padrões, que se a pessoa não souber contestar o que é bom para ela, acaba entrando nessa de cirurgias, dietas loucas e o pior, tem casos de pessoas que fazem essas coisas por conta própria, sem orientação de um bom especialista e daí, infelizmente acontece esses casos.

    Por um tempo odiava meus braços por serem finos de mais. Porque imagina aí, coxas grossas, cintura fina e braços secos. Pra mim isso não ornava, era feio, estranho e esquisito, mas fazer o que se nasci assim? Não vou colocar silicone nos braços né, ahahaha. Bora se amar assim e se preocupar com o que vale apena.

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  3. Infelizmente isso acontece sempre, mas as pessoas só param pra prestar atenção quando sai na midia com alguém conhecido. Lamentável essa situação da Andressa, e espero que ela consiga se recuperar logo.

    Eu estou acima do peso, mas sei que não existem milagres para mudar minha situação.
    Aceito meu corpo sim, e se me policio é para que ele dure mais =)

    Adorei sua postagem!!

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  4. Eu demorei muito para aceitar o meu corpo como ele é. Lembro de passar a minha adolescência inteira na frente do espelho olhando os meus "defeitos".

    Eu só fui aceitar o meu corpo esse ano, já com 25 anos. Imagina todo o sofrimento que eu tinha antes disso em todos esses anos? Mesmo sendo homem, isso mexia muito com a minha auto estima, e eu vivia em depressão em função disso.

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  5. Adorei o texto, Mari. Muito bem escrito e com uma percepção excelente da realidade. Eu concordo com você, acho que devemos nos aceitar (mesmo que às vezes seja um pouco difícil) e sou totalmente contra esses procedimentos estéticos malucos! Pena que atualmente são muitas as pessoas influenciadas por esse padrão insano de beleza que, na maioria das vezes, é altamente prejudicial à saúde. Beijinhos!

    www.chezb.com.br

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  6. O pessoa confundo aceitação com se sentir perfeita todo dia, mas é simplesmente ir aceitando o corpo como ele é, amando-o e vez ou outra olhar no espelho e perguntar "Quem é essa gata ai?"

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  7. Hey, um ótimo post, fui lendo e pensando sobre o processo pelo qual eu irei passar semana que vem, cirurgia bariátrica, sim, tem um "que" de beleza na motivação para cirurgia, mas também tem mais, a obesidade pela qual luto há um bom tempo e não me larga, a necessidade de uma ajuda para perder peso e recuperar a alegria de viver, não quero e nunca serei perfeita, mas sim, eu quero me sentir ao menos melhor comigo mesma e não cansar cada vez que subo as escadas até o terceiro andar do meu prédio.
    Também não sou contra quem quer ser mais bonito, uem quer melhorar, mas tem gente que perde o controle =/
    bjs

    www.moniitorando.com

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  8. Esse teu texto é um verdadeiro tapa na cara de muitas pessoas, Mari.
    Eu penso exatamente assim, sabe? Se não aceitarmos nosso corpo, não terá amor próprio, que é algo essencial para nós.
    Fico tão triste quando leio essas notícias de que alguém passou mal ou morreu em virtude desse tal padrão de beleza que é até difícil de descrever.
    Antes eu tinha um problema sério por não conseguir usar certas roupas por ter o quadril largo, hoje me importo cada vez menos com isso, afinal, tenho que me amar por inteira antes de qualquer coisa, já que o padrão sou eu quem faço.

    Beijos

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