Stop The Beauty Madness e um case real ♥
Eu aposto que, nos últimos dias, a sua timeline ficou cheiinha de selfies. Amigas, colegas de trabalho, professoras da faculdade e até a sua tia mais velha, de repente, resolveram clicar a si mesmas quase que ao mesmo tempo; algo que poderia caracterizar uma estranha coincidência, salvo pelo fato de que todas as fotos, sem exceção, carregavam uma característica em comum: a falta de maquiagem.
Talvez você ainda não saiba - o que eu acho pouco provável - mas toda essa onda de selfies faz parte de uma campanha bacanérrima de incentivo à real beleza, a Stop The Beauty Madness. O projeto, que ganhou uma baita audiência nas últimas semanas, é um dos temas deste mês na categoria Post Especial, do Rotaroots. Estava com uma vontade maluca de falar sobre ele aqui e quando ví que uma das propostas de setembro era exatamente esta, achei o máximo!
Antes que alguém questione, o Stop The Beauty Madness partiu de uma ideia da escritora britânica Robin Rice que tinha, como objetivo principal, questionar os padrões de beleza atuais e a forma como lidamos com eles. Reunindo uma série de fatos e depoimentos, ela tinha a intenção de promover debates em torno da ditadura da beleza, e mostrar o que a publicidade é capaz de fazer conosco.
Para conseguir propagar seu modo de pensar, Robin criou uma série de anúncios publicitários - porém, com depoimentos reais - onde mulheres de diversas idades questionavam dezenas de situações opostas, pelas quais todas passamos ao longo da vida. E em uma área específica de seu site, disponibilizou dezenas de selfies reais e sem filtros de mulheres sem nenhuma maquiagem - ou quase nenhuma - numa tentativa de inspirar outras mulheres a fazerem o mesmo.
A ideia deu certo. Em pouquíssimo tempo, milhares de mulheres no mundo todo aderiram à campanha - inclusive, euzinha. O problema é que, com o projeto funcionando à pleno vapor, e pouquíssimas reflexões sobre o assunto, muita gente tem cometido o erro de confundir o projeto com uma diversão sem nenhum propósito, compartilhada entre amigas. Por isso, se você, cara leitora, achou por algum instante que isto era um desafio valendo prêmios e maquiagem, sinto informar: está muito enganada. A coisa toda vai muito além do batonzinho e do primer para os olhos. E para provar tudo isso, resolvi fazer uma reflexão bem honesta sobre a mulher que eu mais admiro no mundo: eu mesma - e calma, isto não é excesso de modéstia.
* * *
Eu sempre fui muito magrinha, com saboneteiras hiper marcadas e ossinhos aparentes. Na época da escola, tive uma série de apelidos maldosos - entre eles, Olívia Palito - coisa que sempre mexeu muito com a minha auto-estima. Porém, a situação ficou um pouquinho mais delicada na época do ginásio, quando comecei a ter amizade com os meninos da minha idade. Eu não me sentia nem um tiquinho bonita perto das minhas colegas de escola: elas eram altas, tinham curvas e usavam roupas apropriadas para a idade, enquanto eu, bem... escolhia minhas roupas na seção infantil, já que as peças fabricadas para alguém da minha idade sempre ficavam muito maior do que eu gostaria.
Para piorar, vieram as espinhas, e uma obsessão nova: minha testa. Um garoto do colégio acordou um dia determinado a zombar de mim, dizendo o quanto minha testa era grande. A partir daí, passei a aguentar uma nova onda de piadinhas e minha auto-estima foi lá pra baixo. Eu torcia para que, quando ficasse mais velha, as coisas melhorassem. Mas frustrações piores ainda estavam por vir.
No colégio, eu parecia muito frágil perto das meninas da minha turma. E isso trazia consequências muito chatas, como nunca ser escalada para o time de futebol, nas aulas de Educação Física, ou não poder usar calças jeans de stretch, porque, não: não ficavam nada bem em mim. Com o passar do tempo, uma situação que deveria ficar na minha adolescência agravou-se um pouco. De repente, me vi fazendo dietas malucas com o objetivo de ganhar peso. Para piorar, minha irmã, Letícia, sempre teve mais curvas, mais corpo. Cheguei à maturidade me sentindo feia e disposta a tudo para mudar isso.
Eu cheguei a fazer academia e a me alimentar mais vezes ao dia e, algumas vezes, isso até que trouxe resultado. Porém, com a facilidade que tenho para perder peso, sempre voltei à estaca zero. Passei um tempinho assim, nessa luta com a balança, até que um dia, decidi que não me obrigaria mais a tentar transformar o meu corpo.
Eu caí na real, vamos dizer assim. Afinal, nunca houve nada de errado comigo: sempre fui saudável, com um apetite monstro e um metabolismo fantástico. Abdiquei de verdade dessa dura batalha que é acordar todos os dias e correr pra balança, com a esperança de ter ganho alguns quilinhos enquanto dormia. Aprendi a amar meu copo - hoje, sou apaixonada pelas minhas saboneteiras - e passei a enxergar as vantagens de ser assim: pequenininha, como diz minha mãe. Com isso, descobri algo que a Mariana de 13 anos jamais imaginaria: o quanto ela é bonita!
Quer dizer, as espinhas e os cravos ainda aparecem de vez em quando para me dar oi, minha testa continua grande escondida atrás da franjinha, tenho sobrancelhas falhas porque não resisto à mania de pinçá-las e ainda devo pesar 50kg. Mas, e daí? Tenho um marido que me acha a mulher mais linda do universo e um espelho que me diz, todos os dias, o quanto sou simpática - tipo a madrasta da Branca de Neve, numa versão mais moderna e em São Paulo. (Hahahaha!) Além disso, eu tenho atitudes que me enobrecem muito, então, sei do meu real valor.
Por isso, você que me lê aí do outro lado, saiba que não há nada mais legal do que parar com essa estúpida e maluca obsessão pelo seu ideal de beleza, seja ele qual for, só pra enxergar um pouco a garota que mora aí dentro. Trate-a com carinho e dê um fim nas suas neuras. Stop the beauty madness já.
Tua história e a minha são super parecidas.
ResponderExcluirQuando li "Com isso, descobri algo que a Mariana de 13 anos jamais imaginaria: o quanto ela é bonita!" quase chorei aqui. :3
Você é uma fofa, adorei conhecer seu cantinho e saber que você assim como eu aceita seus defeitos, e todos nós temos, somos seres humanos né? bjusss #rotaroots #maeaocubo
ResponderExcluirEi Mariana :) Amei muito o seu texto. É incrível esse clique que a gente tem, em algum momento da vida, que não precisamos nos importar tanto com a opinião dos outros e que se eles não sabem nos respeitar o problema está com eles, não conosco.
ResponderExcluirBeijo!
Me identifiquei muito com a sua história, também sofri por ser muito magra. Tomei vitaminas, usava duas calças para parecer mais gordinha, tudo! E as coisas só começaram a mudar quando eu consegui engordar por conta do anticoncepcional, infelizmente. Queria ter tido uma campanha igual a essa na adolescência rs
ResponderExcluirConheci seu blog quando a gente tava brincando de falar nome de filmes com 'malestas' no rotaroots (foi divertido hahaha) e fucei nele praticamente todo, adorei! Parabéns pelo cuidado com conteúdo e com as imagens.
Você não tem bloglovin ?
Bjs!
Também sofri muito com a magreza e hj é o contrário. Acho que devemos nos aceiatr mesmo como somos, mas é bem difícil neh?
ResponderExcluirBjus
Amei muito seu post, Mariana, e fiquei emocionada com esse final! <3
ResponderExcluirbeijo
Oi!
ResponderExcluirVim do rotaroots também!
É bacana ver como você conseguiu amadurecer a ponto de ver que você é linda como é. Eu realmente queria que todo mundo tivesse este Click! e espero realmente que a campanha ajude nisso. É triste ver o quanto as pessoas sofrem por causa de um padrão inatingível em que nada está bom (se é gorda é porque é gorda, se é magra é porque é magra... vai entender?!).
Adorei o post e a leveza com que você conseguiu abordar o assunto.
Um beijo,
Fê
Algumas Observações
Teoria, Prática e Aprendizado
Nosso Clube do Livro
Mariana, você é uma linda! Seu post me emocionou!
ResponderExcluirO meu dessa tag esta suspenso, não estou conseguindo escrever.
Acho que a maioria das meninas passou por algo assim, sabe? O bom é ver que você superou e amadureceu. Sinto uma dó imensa de quem ainda sofre pelas coisas que ouve, por exemplo, na escola. A segunda foto que vc usou no post partiu meu coração. Queria ir la da um abraço nessa guria ='(
Me identifiquei muito com a tua história! Quase igual a minha... e o tempo passa e quando descobrimos o nosso amor próprio tudo se transformar. <3
ResponderExcluirAdorei!
ResponderExcluirSeu post foi um dos mais legais! Você falou do assunto, colocando fatos reais! Adorei! Primeira vez que passo por aqui e achei você linda... não tem mesmo do que se envergonhar!
E também acho que essa onda louca de beleza insana tem que acabar! A gente se arruma e usa maquiagem porque gosta e não porque alguém disse que temos que fazer isso! E temos que abraçar causas que realmente acreditamos, como é o seu caso!
Amei seu texto.
Beijos.